domingo, 14 de janeiro de 2007

Aborto! Pelo sim ou pelo não!

Parece que houve uma pessoa que morreu por causa, não do acidente que teve, não pela pronta assistência dos bombeiros, mas por ter passado por um centro de saúde e enviado para um hospital a não sei quantos quilómetros.
Causa? Tempo demais… sete horas… em sete horas, o Carlos Lopes corria três maratonas, o Manchester United ganhava quatro jogos e já contando com descontos, o Paulo Bento conseguia acabar três frases, o ministro da saúde ganhava dois ou três dias de trabalho, mas o desgraçado que teve o azar de ter um acidente no Alentejo não se pode gabar de sorte semelhante…
Eu quase que consigo enumerar as razões deste tempo todo, sem, contudo, acertar no resultado do inquérito que o ministro mandou de imediato fazer (sem olhar a despesas, e esta nota aqui é muito importante):
1º - O CODU está em Lisboa, ninguém sabe onde fica o Alentejo, muito menos Ourique;
2º - Pensam que Beja, onde está o carro do 112 é já aqui ao lado. Devem ter um daqueles mapas espanhóis que vendem na Repsol com uma escala no mínimo estranha… basta serem espanhóis… ah, e pelo menos uma hora de estrada até ao local do acidente, sem vias rápidas ou auto estradas.
3º - O acidentado vai, por indicação superior para o centro de saúde mais próximo para uma avaliação mais detalhada. Então, para que serve o médico do 112? Para decretar óbitos?
4º - O centro de saúde raramente tem meios para socorrer acidentados graves, logo têm de ser transferidos para hospitais com condições para os receberem. Como os hospitais têm visto as suas valências diminuírem, serem deslocalizadas, ou encerradas, por uma questão de custos, Lisboa ficar só a duas ou três horas de distância… vá lá… se fosse de Bragança, lembro-me da música dos xutos, são nove horas de distância… e o condutor da ambulância a fazer horas extras…
5º - Com medidas que levam a situações com estas, o ministro da saúde vem dizer que apesar de todas as medidas que visam reduzir os custos da saúde em Portugal, não se importa de gastar seja o que for para apurar as causas desta situação… De notar que apenas se reporta às causas, pois os culpados, ninguém quer saber… Foi o desgraçado que morreu que teve a culpa… Não queria morrer? Então não tivesse o acidente…

É por situações destas que eu até aceito a despenalização do aborto! Se a mãe do senhor ministro tivesse abortado, por qualquer uma das razões previstas para o referendo, hoje não teria motivos, quiçá, para comentar disparates!
Por outro lado, já pensaram se a mãe da Alexandra Lencastre tivesse abortado? A desgraça que era para o país? Faz-me pensar que, se calhar, nem se deve pensar nisso de abortos… lembra-me a Teresa Guilherme…

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