domingo, 18 de junho de 2006

O terrível passado da Lurdinhas

Eu juro que ia só escrever duas ou três linhas, mas como vi na net um concurso para ideias para novelas mexicanas, venezuelanas e outras acabadas em anas, tipo bananas, não resisti a imaginar o lado sentimental de uma mulher de pedra:

Na sala de estar da casa de Pedro Sullivan Rodrigues (nome fictício), com muito lixo nos cantos:

Lurdinhas: Porque caminhas na escuridão, Pedro?
Pedro: Não sei, talvez porque esteja escuro. Andei a passear pela avenida. Os pensamentos queimam-me… tenho de saber… tenho de saber…
Lurdinhas (disfarçando) Não sei do que falas!
Pedro: Não sabes? – Aproximando-se – já sem falar da questão dos professores, porque me escondes o teu passado? Porque é que tens um passado, Lurdinhas?
Lurdinhas: Enganas-te, Pedro. Sou de uma família tão pobre, que não me posso dar ao luxo de ter passado. Isso é bom é para ricos como tu. Sim, tu e a tua família é que têm dinheiro para ter passado!
Pedro: Vejo-te a mudar de cor…
Lurdinhas: És passado. Sabes muito bem que todos os dias a esta hora costumo mudar de cor e de camisa!
Pedro: E porque é que olhas para a cozinha com esse interesse?
Lurdinhas: Porque estou com fome, depois de um dia a pensar como hei-de tramar os professores

Maria de Lurdes dirige-se para a cozinha, e logo que Pedro deixa de ouvir os seus passos, dirige-se à carteira dela e vê lá dentro um bilhete. Depois de o ler, diz, horrorizado:

Pedro: Oh, não! Que horror!

Passemos à cozinha, muito electrodoméstica e branca, com muito lixo nos cantos (graças a uma nova empregada, licenciada em letras, que não tinha conseguido colocação):

Pedro (entrando como um louco aos berros): Não pode ser! Eu sabia! Eu sabia! Eu sabia!
Lurdinhas: Pareces um velho, sempre a repetir-te. Sabias o quê?
Pedro: Eu sabia! Atraiçoaste-me! Mulher infiel! Adultera!
Lurdinhas: Como soubeste?
Pedro: Vi o bilhete!
Lurdinhas: E agora?
Pedro: Podia pedir o divórcio, mas vou-te matar! Não posso consentir que tenha acontecido o que aconteceu.
Lurdinhas: E nós… que fomos tão felizes… tantos projectos por realizar… vamos, mata-me!
Pedro (agarrando numa faca de cozinha, chen-go cook, a faca de cozinha mais afiada do mercado, não precisa sequer saber cozinhar, com esta faca, você pode tornar-se um mestre de culinária, veja na embalagem como obter o cd do quim Barreiros, totalmente gratuito): Adeus, Lurdinhas!
Lurdinhas: Adeus, Pedro!

E ele mata-se a si próprio…

Lurdinhas: É, há homens mesmo totós…

E isto acaba com Pedro estendido no chão da cozinha, ao som da música de Quim Barreiros.

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