quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

A política do arredondamento


Todos sabemos que no fim de cada ano vem o senhor que apresenta os noticiários dizer que tudo vai aumentar, desde a electricidade até ao preço dos preservativos!
Pronto, já sabemos que as únicas coisas que não aumentam são a nossa capacidade competitiva com o estrangeiro, a nossa produtividade (falo no geral, como é óbvio) e o nosso poder de compra.
Mas houve, aqui há tempos, uns senhores que vieram praí ah e tal os bancos arredondam os juros e não sei que mais, e que eu continuo sem saber quem são os senhores, mas o governo de imediato concordou com eles e vai promulgar legislação nova que defenda os clientes de crédito a habitação. Até aqui, perfeito, não posso estar mais de acordo, mas… e os outros???
Será que estes senhores não andam na auto estrada? Será que não têm tv cabo? Se calhar não, e só vão passar a fazê-lo, agora que os bancos não arredondam spreads… ou então trabalham ao lado de casa e das 6 da manhã às 11 da noite… pois… quem vem de Coimbra para a Figueira da Foz paga actualmente 2,15 €. Com o aumento de 3% passaria, a 1 de Janeiro para 2,21 €, mas como a Brisa tem o poder para arredondar os preços de 5 em 5 cêntimos, o aumento real será de 4,75%, para 2,25 €. Pensem nisto… quantos milhões ganha a brisa às nossas custas para ter as auto estradas no lindo estado em que se encontram, com buracos, lombas, veículos em contra mão, obras permanentes e infindáveis com prejuízo directo e enorme para os clientes… sim, porque eu sou cliente, não sou utente, eu pago para ser (mal) servido e (com toda a legalidade) roubado.
Perguntem, por exemplo, a professores, quanto gastam em portagens nas suas deslocações e quanto vão passar a gastar… é um exercício curioso, como concluirão!
Ora, esses senhores que se juntam para reclamar todo e qualquer cêntimo que lhes é tirado da carteira, (ah, lembrei-me de mais uma coisa, ou então são funcionários públicos com carro de serviço e chauffer com portagens e combustível pago e que nem fazem ideia quanto custa andar nas auto estradas em Portugal, ou ainda esqueceram-se de que nem todos têm crédito a habitação, mas todos saem de casa), se de facto têm força junto do governo, é bom que realmente façam coisas úteis pela sociedade, porque, se as pessoas quando compram casa, podem escolher o banco em função do crédito, quem anda na estrada já não tem muita chance de escolher uma alternativa pouco mais ou menos…
E depois venham para cá dizer que nas estradas nacionais morrem milhares todos os anos… e 18 no período deste Natal… deve ser por causa das auto estradas serem baratas…
Não será, concerteza um ollhar de direita para o assunto, nem tão pouco de centro esquerda, mas não é, por certo, de esquerda porque o sentido de “justo” é independente de tudo…

2 comentários:

Ricardo disse...

Ah grande tortulho!
muito bem.
concordo 300%

Socorro! disse...

Sim senhor, grande contratação!
Esta dava para publicar num jornal. Se eles tivessem coragem, claro.