sábado, 2 de setembro de 2006

Confiança


O dia podia-me estar a correr bem melhor. Trabalho, fazer o almoço e claro, responsável por um jardim zoológico e pelo filho. Esse era o menor problema.
Decidi irmos almoçar fora. O dia até estava bom, apesar do nevoeiro, e podia-se lavar a vista com as últimas banhistas deste fim de verão.
No restaurante havia várias mesas vazias. Escolhi uma com espaço suficiente à volta. Podia-me apetecer falar um pouco mais alto e assim pelo menos tinhamos uma distância apreciável até à mesa mais próxima.
Sol de pouca dura. Um casalinho carregado de mapas e folhetos turísticos, sentou-se na mesa ao lado.
Ela, nova e com bom aspecto. Ele, novo, com camisa de manga comprida apertada até aos punhos e colarinho apertado. Fralda de fora. O dia estava agradável e uma camisa assim apertada começou a fazer-me calores. Teria tatuagens com o nome de antigas namoradas? Furos das agulhas?
Enquanto provava o vinho e comia umas manteigas, ela desapareceu. Quando voltou, foi a vez de ele desaparecer.
Aí deu-me com força. Levantei-me, aproximei-me dela e perguntei-lhe:
- Conhece a pessoa com quem está?
A rapariga olhou para mim como se tivesse visto um alien.
- Desculpe eu conheço-o?
- Foi isso que eu perguntei mas referia-me à pessoa que a acompanha. Responda depressa que ele deve estar a chegar.
- O senhor é da polícia?
- Eu? Não. Responda depressa.
- Namoramos à seis meses.
- Tenha cuidado com ele. Não é flor que se cheire.
Sentei-me precisamente quando o rapaz da camisa de manga comprida saía da casa de banho.
Passados quinze segundos ouço-o perguntar-lhe:
- O que se passa o que é que tens?
Temos de conversar. Respondeu-lhe ela.
Achei fantástico. Como é que trinta segundos de maldicência valem mais do que seis meses de namoro.

(Quem quiser continuar a história, esteja à vontade)

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